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A FORMAÇÃO DO GOVERNANTE EM PLATÃO

MÓDULO 2

A FORMAÇÃO DO GOVERNANTE EM PLATÃO



A alegoria da caverna

A obra de Platão “A República” representa o idealismo de uma realidade política. Ele almeja uma sociedade que tem como maraca a justiça e a correta administração.
Para isso, é necessário que o governante esteja capacitado para o bom exercício de sua função. Platão apresenta a alegoria da caverna como um modelo de educação para o futuro governante. Enquanto estiver dentro da caverna (mundo sensível) não enxergará a verdadeira luz, permanecendo somente no mundo das sombras. A subida da caverna é a busca pelo mundo inteligível e superior.
A alegoria tem uma perspectiva pedagógica. O “a-luno”, que significa ausência de luz, é aquele que precisa ser guiado pela luz que é a luz do sol ou do Bem em si. Isso traz o conhecimento da realidade e a prática do bem. Guiado por esta luz, ele sai da caverna e vai em busca do saber e da virtude. Isso lhe trará sabedoria e postura ética na vida privada e pública.
Quem exercita a política o fará por gratidão ao Estado que lhe proporcionou o alcance do conhecimento do Bem, da Verdade e do Belo. Tendo esse conhecimento, ele desce à caverna para tirar os outros que lá estão para que busquem a luz do sol, saindo da conveniência e do comodismo.

O estadista como administrador público

Platão reconhece a dificuldade que existe no exercício do administrador público. Ele mesmo experimentou isso ao ser preso e vendido por tentar educar o tirano Dionísio II. Por isso, ele apresenta um processo pedagógico que ensina o futuro estadista a governar com responsabilidade e critérios. Ele quer o futuro governante preparado para o combate.
O maior objetivo de Platão é a justiça social, onde a compreensão da justiça consiste em “ser justo e sábio, como se fosse um médico para si e para os outros, isto é, saudável e capaz de curar a doença da cidade” (p. 11).
A formação do administrador público deve ser integral: corpo, mente e espírito. Ele tem noções de educação física, música, aritmética, geometria, astronomia e matérias afins que aperfeiçoam a visão do conjunto que tem como meta o Bem em si, conduzir a alma para a contemplação do Bem e do Ser. O ensino deve ser prático, onde a ciência deve prestar um serviço aos seus concidadãos.
Platão, inclusive, propõe um prazo para a formação do futuro governante. Ele teria 10 anos de formação em disciplinas matemáticas e mais 05 anos em formação dialética, que totaliza 15 anos de formação teórica. Isso lhe permitiria conhecer o Bem em si. Depois da formação teórica, Platão prioriza mais 15 anos de experiência prática. Com isso, o estadista estaria pronto para governar aos 50 anos de idade.

O estadista de Platão: sábio e virtuoso

Com todo esse caminho percorrido, o estadista será sábio e virtuoso para o exercício do Bem, alicerce do Estado ideal. Platão compreende que o Estado deve voltar-se ao absoluto, ao Bem divino. Os verdadeiros estadistas são a alma do Estado. Nisso consiste o interesse do filósofo que investiga espiritualmente aquilo que conduz a este Bem divino. É um exercício de doação de si mesmo pelo bem comum.

Concluindo, citamos o texto do professor Marcelo Martins Barreira: “A filosofia é abstrata, mas não fica na abstração de um palácio geométrico construído com tijolos conceituais. A filosofia não é um jogo de palavras, pois nada é mais real do que o Bem. O Bem divino é a essência da realidade”. (p. 13)

Fonte: Material didático elaborado pelo professor Marcelo Martins Barreira para a disciplina Filosofia Política II da UFES no segundo período de 2015.

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